O Mercado de Trabalho pós pandemia

Sep 30, 2020        

Milton
O Mercado de Trabalho pós pandemia

Algumas das tendências observadas nos últimos meses, impulsionadas pela pandemia do Coronavírus, vieram pra ficar. Desde o trabalho remoto à adoção de automação e ferramentas digitais para gerenciar e contratar colaboradores.

A consultoria McKinsey realizou uma pesquisa com 800 executivos ao redor do mundo em Junho de 2020, visando a entender as tendências relacionadas ao mercado de trabalho no cenário de pandemia.

Os resultados da pesquisa realizada com 800 executivos - com sua maioria dos EUA e o restante em países como Alemanha, China, Índia e Inglaterra - mostram uma mudança de direção abrupta na composição do mercado de trabalho. Destes, 85% afirmam que de alguma forma aceleraram a implementação de tecnologias que ajudam na interação online de seus funcionários, como videoconferência e compartilhamento de arquivos, enquanto quase metade deles reportaram terem digitalizado os canais de comunicação com os clientes, como e-commerce, chatbot e mobile apps.

Ainda que em menor escala, o uso de IA e a robotização foram tecnologias que também viram sua tendência aumentar diante do distanciamento social derivado da pandemia. Para quase metade dos líderes entrevistados, a pandemia acelerou a adoção da automação de forma modesta, enquanto 20% viram um aumento significativo destas tecnologias - executivos dos EUA (83%) e da Índia (70%), contudo, foram os que reportaram mais rápida adoção de automação em suas empresas.

O que se percebe é que, apesar do aumento na curva de tendência de adoção dessas tecnologias - desde a automação e digitalização, até a terceirização e o trabalho remoto - já eram esperadas, como a própria McKinsey já havia reportado em estudos anteriores*. Em um report lançado ainda em 2017, a consultoria McKinsey previa que menos de 5% das ocupações do mercado atual poderiam ser inteiramente substituídas por automação. Porém, se as tecnologias atuais forem adaptadas, esse número pode chegar a 50% das ocupações da atual estrutura do mercado de trabalho.

Assim, a pandemia, somada a essas tendências já identificadas, resultou em milhões de indivíduos desempregados, afetando principalmente profissionais com menos qualificação educacional e menor renda, potencialmente aumentando a desigualdade de renda. Desta forma, fica evidente a necessidade de reter talentos e capacitar os jovens para empregos de tecnologia que tenderão a crescer.

 

Automação e Trabalho Remoto

O impacto da automação e da adoção do trabalho remoto diferem para cada setor. Nos setores financeiros e de seguro (88%) e de tecnologia e informação (76%), houve crescimento mais acelerado da automatização desde o início da pandemia - em grande parte porque estes já eram líderes em digitalização e automação, apresentando já certa vantagem no movimento.

Além disso, a adoção de automação aparenta ter uma relação direta com o trabalho remoto, uma vez que 80% das empresas que adotaram o trabalho remoto por completo, cresceram em automação, enquanto apenas 51% das empresas que adotaram trabalho remoto parcial, isso é, apenas para alguns funcionários.
Como o CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse

“We’ve seen two years’ worth of digital transformation in two months.”

 

Mas e depois da pandemia? Como fica?

As opiniões são menos homogêneas em relação a isso e variam muito entre países e setores.


Enquanto na Alemanha e Reino Unido 20% acreditam que pelo menos um décimo de seus funcionários poderiam trabalhar remotamente 2 vezes por semana ou mais, na China essa número cai para 4%.


O potencial de trabalho remoto fica claramente concentrado nos setores de tecnologia, finanças e seguros, e negócios. Considerando apenas estes setores, 34% dos executivos esperam ter pelo menos um décimo de seus funcionários trabalhando remotamente. Este número era 12 p.p menor antes da pandemia.


É importante ressaltar ainda que 60% das funções realizadas por trabalhadores nos EUA não tem a possibilidade de trabalhar remotamente - principalmente na questão industrial. Nos países menos desenvolvidos economicamente, esse número é ainda maior.

 

*The future of work in AmericaThe future of work in Europe


Source: McKinsey

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